Uma História...

24 de mar. de 2008













Baseado em um trecho do filme Cinema Paradiso


Certo dia, após longos meses de viagem, um jovem chegou a um distante reino. Ele ficou maravilhado com o lugar. Era um reino pequeno e pacato. A primavera coloria tudo ao redor e a paz absorvia tudo tão calmamente que o rapaz resolveu se sentar e ficar observando as pessoas que passavam na rua e as borboletas que voavam baixinho ao seu redor.
Ele estava tão admirado com o lugar que se assustou ao perceber o enorme castelo que se erguia bem no meio da praça, um castelo ao qual ele incrivelmente não havia percebido. O rapaz ficou um tempo parado observando o castelo quando, de repente, uma janela dourada se abriu. A partir daquele momento tudo ao redor perdeu o sentido para ele. O jovem errante imaginou que estava em frente à própria primavera encarnada. Tão intensa era a beleza da jovem princesa do reino que todos pela rua paravam para apreciá-la. Ele ficou a observando por horas, enquanto ela admirava o lindo dia ensolarado. Então, antes que ela fechasse a janela, ele aproximou-se e declarou seu amor. “Você só terá o meu coração se puder cumprir os meus pedidos.” Disse a princesa. “ Que pedidos? Farei tudo o que puder.” Respondeu o jovem. “Atrás daquele bosque há uma grande montanha. No pico da montanha há uma rosa, a maior e mais bela rosa de todas, uma rosa que nunca morre. Traga-me a rosa e terá o meu afeto. Depois da montanha há um grande rio. Na margem do rio há uma árvore que tem presa entre os galhos um fruto prateado. Traga-me o fruto e você terá toda a minha dedicação. Nas montanhas verdejantes, além das florestas, há uma caverna. Dentro da caverna há um diamante. Traga-o para mim e terá o meu respeito. Você deverá trazer-me essas prendas até amanhã, quando o sol estiver no meio do céu. Se você puder cumprir os meus desejos, serei sua.”
O jovem viajante achou que era impossível cumprir tão difíceis tarefas. Ficou triste e desanimado. Então, a princesa aproximou-se dele e disse: “Tome este lenço. Quando você fraquejar, olhe para ele e lembre-se de mim.” O rapaz pegou o lenço branco, sorriu de satisfação e imediatamente partiu para a montanha a fim de conseguir o primeiro dos presentes.
Foi uma subida dolorosa. Suas unhas foram quase totalmente destruídas. Ele até pensou em desistir, mas pegando o lenço branco que a princesa lhe dera e olhando para ele, viu a linda face de sua amada e uma chama de esperança acendeu-se em seu coração. Com muito esforço ele conseguiu chegar ao topo da montanha. Ao apanhar a rosa, seu dedo espetou-se em um dos grandes espinhos que contornavam o caule. Vários pingos de sangue caíram sobre a rosa, misturando-se com seu vermelho natural.

Após descer da montanha, o jovem imediatamente partiu rumo ao grande rio e nadou até à margem oposta, onde encontrou uma árvore com um fruto prateado preso entre seus galhos. O rapaz o recolheu e nadou novamente , com muita dificuldade, para a outra margem. Exausto, ele sentou-se olhando para o fruto . O sol aos poucos secou seu corpo e suas roupas úmidas. Então o jovem lembrou que tinha pouco tempo e que era necessário continuar. Apressou-se. Andou e andou tão rápido rumo à caverna que o suor desceu pelo seu rosto e pingou sobre o fruto que ele transportava. Chegando à caverna , o jovem viajante enamorado entrou rumo à escuridão. Tateando as pedras, viu um brilho em meio às trevas no fundo da caverna. Era o diamante. Ele pegou a jóia que brilhava e a colocou junto dos outros presentes. Ele havia conseguido, mas ainda era necessário sair dali. Ele sentiu medo, tanto medo que chorou. E suas lágrimas rolaram pela sua face indo cair bem em cima do diamante, que brilhou mais intensamente ainda ao contato das lágrimas.

Ao sair da caverna o jovem correu apressadamente, pois seu prazo estava terminando. Chegou exausto, ferido, com fome e com sede, e sentou-se em frente à janela dourada, que permanecia fechada. Ele havia conseguido chegar antes do prazo estabelecido, mas não estava feliz. Pelo contrário, sua tristeza era tão grande que transparecia em seus olhos. Ele pegou os presentes destinados à princesa e os ficou olhando por alguns instantes: a rosa, o fruto prateado e o diamante. Então pegou o lenço branco que a princesa lhe dera e calmamente limpou o sangue, o suor e as lágrimas que ele havia derramado em cima dos objetos.

Ele colocou os presentes e o lenço junto à janela, poucos instantes antes da princesa abri-la. Quando ela a abriu, encontrou os objetos do mesmo jeito que ele os havia deixado, mas o jovem já não estava mais lá. Ele havia partido e ela nunca mais o viu novamente.

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